O hacker que invadiu o serviço on-line de videogame PlayStation Network, da Sony Corp., e possivelmente roubou dados de cartão de crédito de milhões de usuários desferiu um severo golpe no antigo esforço da empresa de ligar seus aparelhos eletrônicos a uma rede de filmes, música e jogos.
Há anos, o diretor-presidente da Sony, Howard Stringer, pressionou a empresa a adotar uma estratégia "conectada" na qual seus produtos eletrônicos funcionam como portais para uma rede de conteúdo on-line, em vez de serem meros aparelhos isolados. A estratégia é parecida com a da Apple Inc., que conecta muitos de seus produtos propulares por meio do software iTunes.
Na concorrência com a Apple, a Amazon.com Inc. e o serviço Xbox Live, da Microsoft Corp., para oferta de filmes, música e videogames a aparelhos conectados à web, a principal arma da Sony eram os 77 milhões de contas da PlayStation Network, que é usada pelos proprietários do console PlayStation 3 para participar de jogos com outras pessoas, bate-papo pela internet e para baixar filmes e programas de TV.
Com milhões desses usuários já tendo registrado cartões de crédito no serviço, a Sony havia superado um grande obstáculo — como as pessoas pagam pelas compras — para solidificar sua posição. De acordo com um plano de negócios anunciado no fim de 2009, a Sony pretende ter uma base de 350 milhões de aparelhos conectados à rede, gerando receita de 300 bilhões de ienes (US$ 3,65 bilhões), com a divisão de serviços. A empresa se negou a fornecer uma atualização de como está seu progresso.
Os problemas de segurança podem deixar novos e antigos clientes nervosos quanto a confiar dados pessoais ao serviço de videogame on-line da Sony e a seus outros produtos, o que desaceleraria o progresso de sua estratégia de rede, que já está atrás das da Apple e da Microsoft.
Stringer disse que casar produtos Sony com serviços on-line é essencial para criar lealdade à marca e diferenciação que permitam à empresa fugir da concorrência de preços que aflige a indústria de eletrônicos.
"Num ambiente em que é difícil conseguir lucro com hardware, a Sony investiu na integração de hardware, software e da rede para ganhar dinheiro. Que isso aconteça agora é realmente uma infelicidade", disse Nobuo Kurahashi, analista da Mizuho Investors Securities em Tóquio.
A Sony informou ontem que vai continuar com a estratégia. "Este incidente não muda a estratégia fundamental da Sony de conectar produtos e fornecer serviços a nossos clientes", disse o porta-voz Shiro Kambe.
Num comunicado em seu website, a divisão PlayStation informou que a rede havia ficado fora do ar por uma semana depois de uma "intrusão ilegal e não autorizada" que resultou na perda de informação pessoal, inclusive nomes, datas de nascimento e possivelmente números de cartão de crédito. A Sony informou que está investigando a invasão e espera que alguns serviços voltem ao ar na semana que vem.
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