A Caridade é um tema muito presente em meus artigos, pois
a considero imprescindível à nossa sobrevivência. Aproveito o ensejo para lhes
adiantar pequeno trecho de O Capital de
Deus, livro que estou preparando, com muito cuidado, no qual apresento
algumas das palestras que proferi a partir da década de 1960:
Meditemos sobre esta passagem do Apóstolo João, na sua Primeira Epístola, 4:20: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão,
é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê”.
Caridade, criação de Deus, é o sentimento que mantém o
Ser vivo nas horas de tormenta de sua existência. Se você me falar que não
precisa de Amor, está equivocado, ou equivocada, enfermo, ou enferma... Em
resumo, trata-se simplesmente disto: Amor, sinônimo de Caridade, de que tanto
carece a sociedade míope, obumbrada pela cultura insidiosa, mantida por aqueles
que provocaram, para os povos, as desgraças todas que ensanguentam a História e
que nos põem em perigo constante. Até quando?
A Caridade sustenta a vida humana. O jornalista Francisco de Assis Periotto, ao ouvir
essas minhas palavras, completou-as assim: "no
pão e na decência".
Elevado Espírito Social
O avanço tecnológico tem derrubado muitas fronteiras e
feito algumas desabar sobre outras. Entre elas, econômicas e sociais. Contudo,
a globalização não vai impedir a diversidade. Porquanto, se mundializa, dá
também expressão ao regionalismo. De várias formas, todo mundo influencia todo
mundo. No entanto, barreiras, em diversas partes do planeta, ainda tornam cada
vez mais distantes ricos e pobres. Isso pode resultar em consequências
profundas, em amplitude internacional, a exemplo do fim do Império Romano.
Entretanto, desta vez, tais transformações poderão provocar providências
inusitadas até em corações de pedra, antes contrários ao pragmático espírito de
Caridade, que serão levados a pensar que existem algumas coisas vitais, até
mesmo para eles, como... a compaixão. (...) Caridade não é pífio
sentimentalismo, a que alguns gostariam de reduzi-la. Acertou, pois, quando
escreveu o grande Joaquim Nabuco
(1849-1910): “À luta pela vida, que é a
Lei da Natureza, a Religião opõe a Caridade, que é a luta pela vida alheia”.
Não seria essa a função de um verdadeiro político? O que
seria mais importante para o fortalecimento das comunidades do que esse elevado
espírito social?
É possível igualmente esperarmos do alto significado da
Caridade, na atitude diária, o completo caminho da verdadeira independência de
nossa pátria.
Caridade é assunto sério.
José
de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.