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sábado, 9 de maio de 2015
Todas as mulheres são mães
Mães são ainda as que se devotam à Arte, à Literatura, à
Ciência, à Filosofia, à Religião, à Política, à Economia, afinal a todos os
setores do pensamento ou ação criadora, a gerar “filhos” de sua dedicada
competência pelo desenvolvimento da Humanidade. A LBV não ergue bastilhas, pelo
contrário, as derriba com renovada Boa Vontade. (...)
Muito oportuna também é outra composição poética do velho
Zarur: Poema das Mães, uma
ode à face maternal, à necessidade da marca afetuosa e forte deste Ser no
governo dos povos:
Poema das Mães
"Desde que o mundo é mundo, até onde vai/O
arqueológico olhar da pré-História,/Na família dos nobres ou da escória/A mãe
não manda, pois quem manda é o pai.
"Sem pretensão alguma a Nostradamus,/Eu creio que a
razão desse destino/Da mulher-mãe, que todos subjugamos,/É o Deus
antropomorfo-masculino.
“‘Se é homem o Criador (raciocinaram/Os
argutos filósofos de antanho),/Façamos das mulheres um rebanho...’ /E assim
fizeram quando assim pensaram.
"Desde então, temos visto a velha
farsa/Representada, com solenidade,/Nos países de toda a Humanidade/Onde a
moral pré-histórica anda esparsa.
“‘As mulheres não podem entender-nos’,/Diziam
os despóticos senhores./E fomos vendo, em séculos de horrores,/A falência dos
homens nos governos.
“Ao meditar, em raras horas mansas,/Cheguei a conclusões
desprimorosas:/Os homens são crianças rancorosas,/Sem a graça espontânea das
crianças.
“Só então compreendi o caos da guerra,/Em seus
apavorantes misereres:/Coisa impossível de se ver na terra,/Quando os governos
forem de mulheres.
“Assim é que não pode continuar!/Porque os 'chefes' —
piores do que os cães/Hidrófobos — têm este singular/Defeito imenso de não
serem mães.”
Retrato de Mãe
Abro a revista Boa
Vontade e encontro esta joia
do saudoso bispo chileno Dom Ramón
ÁngelJara (1852-1917): “Existe
uma simples mulher que possui um pouco de Deus pela imensidade de seu Amor, e
muito de anjo pela constância de sua dedicação. Mulher que, sendo jovem, pensa
como anciã; e na velhice, trabalha como se tivesse o vigor da juventude; se é
ignorante, decifra os problemas da vida com mais acerto do que um sábio; sendo
culta, amolda-se à simplicidade das crianças; quando pobre, considera-se
bastante rica com a felicidade daqueles que ama; e sendo rica, daria com prazer
sua riqueza para não sofrer a injúria da ingratidão. Forte ou intrépida,
entretanto estremece ante o choro de uma criancinha; franzina, se reveste, às
vezes, da bravura de um leão. Mulher que, enquanto viva, não sabemos dar-lhe o
devido valor, porque a seu lado todas as nossas dores se apagam... Mas, depois
de morta, daríamos tudo o que somos e tudo o que temos para vê-la de novo um só
instante e dela receber a carícia de seus abraços, uma palavra de seus
lábios... Não exijais de mim que diga o nome dessa mulher se não quiserdes que
eu inunde de lágrimas este álbum, porque já a vi passar em meu caminho. Porém,
quando os vossos filhos crescerem, lede-lhes esta página. E eles, cobrindo-vos
de beijos, dirão que um pobre viandante, em retribuição da magnífica hospedagem
recebida, deixou gravado neste álbum, para todos, o retrato de sua própria
Mãe”.
Dizem que Mãe não tem rima. Será?! Então secou-se-lhes a
musa, ou saiu em férias... Mas não semelhantemente à famosa experiência de Guerra Junqueiro (1850-1923).
Amor faz rima perfeita com Mãe. Mãe é eterna também.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista
e escritor.
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