Paiva Netto
O futuro do mundo depende
essencialmente da atenção e da magnanimidade de suas mulheres. Temos
extraordinários exemplos delas em todos os países, desde as mais destacadas às
mais simples, a começar pela mais singela das mães. Aqui exalto, por oportuno,
a grandeza da doceira de Goiás, no vasto interior do Brasil, e exímia
poetisa Cora Coralina (1889-1985). Tendo apenas
instrução primária, ela publicou seu primeiro livro aos 75 anos de idade. A
escritora tem seu rosto retratado no painel A Evolução da Humanidade,
no Salão Nobre do Templo da Boa Vontade, situado em Brasília/DF, Brasil. Disse
a saudosa Cora: “Feliz aquele
que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
É o talento do povo bem
instruído e espiritualizado que transforma miséria em riqueza! A fortuna de um
país situa-se, antes de tudo, no coração solidário e na consciência esclarecida
de sua gente. É neles que se encontra a capacidade criadora. É assim em todas
as nações.
Há muito levantara-se Benjamin
Franklin (1706-1790) para dizer: “A verdadeira sabedoria
consiste em promover o bem-estar da Humanidade”.
Há muito que aprender
com o próximo
Conforme afirmei, em 1981, ao
jornalista italiano radicado no Brasil Paulo Rappoccio Parisi (1921-2016) e
reproduzi em Globalização do Amor Fraterno, nunca como agora se
fez tão indispensável unir os esforços na luta contra a fome e pela conservação
da vida no planeta. É imperioso aproveitar o empenho de todos, ecologistas e
seus detratores, assim como trabalhadores, empresários, o pessoal da mídia
(escrita, falada e televisionada, e, agora, eu incluo a internet),
sindicalistas, políticos, militares, advogados, cientistas, religiosos,
céticos, ateus, filósofos, sociólogos, antropólogos, artistas, esportistas,
professores, médicos, estudantes ou não (bem que gostaríamos que todos se
encontrassem nos bancos escolares), donas de casa, chefes de família,
barbeiros, manicures, taxistas, varredores de rua e demais segmentos da
sociedade.
A primeira mulher a ir ao
espaço (1963), a cosmonauta russa Valentina
Tereshkova, resumiu numa frase que muito tem a ver com a gravidade do
que estamos enfrentando ante o problema do aquecimento global: “Uma vez que você já esteve
no espaço, poderá apreciar quão pequena e frágil a Terra é”.
O assunto tornou-se dramático,
e suas perspectivas, trágicas. Pelos mesmos motivos, urge o fortalecimento de
um ecumenismo que supere barreiras, aplaque ódios, promova a troca de
experiências que instigue a criatividade global, corroborando o valor da
cooperação sócio-humanitária das parcerias, como, por exemplo, nas cooperativas
populares em que as mulheres têm forte desempenho, destacado o
fato de que são frontalmente contra o desperdício. Há muito que aprender uns
com os outros. O roteiro diverso comprovadamente é o da
violência, da brutalidade, das guerras, que invadiram lares por todo o
orbe. Alziro Zarur (1914-1979), saudoso fundador da
Legião da Boa Vontade, enfatizava que as batalhas pelo Bem exigem denodo. Simone
de Beauvoir (1908-1986), escritora, filósofa e feminista
francesa, acertou ao destacar: “Todo
êxito envolve um sacrifício”.
Resumindo: cada vez que suplantarmos arrogância e preconceito,
existirá sempre o que absorver de justo e bom dos componentes desta ampla “Arca
de Noé”, que é o mundo globalizado
de hoje. Daí preconizarmos a união de todos pelo bem de todos, porquanto
compartilhamos uma única morada, a Terra. Os abusos de seus habitantes vêm
exigindo providência imperativa: ou integra ou desintegra (...), razão por que
devemos trabalhar estrategicamente em parcerias que promovam prosperidade
efetiva para as massas populares.
José
de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.