terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Uma história de Amor

Paiva Netto

Vou contar-lhes esta história, porque quem disser que não quer ser amado está doente ou mentindo. Ela começa na Bahia, cruza o sul do país e tem belo desfecho no Rio de Janeiro.

Em 27/1, meus pais, Bruno (1911-2000) e Idalina Cecília (1913-1994), se estivessem entre nós, completariam mais um ano de feliz casamento.

Peço licença a vocês para narrar o autêntico conto de amor que ambos viveram, modelo de perseverança e superação para os que se gostam.

Conheceram-se em Camaçari. Hoje, um dos mais importantes polos petrolíferos do Brasil. Ele tinha 9 anos de idade. Ela estava com 7. Quando cresceram, a família foi contra o namoro por serem primos. Não que fossem pessoas ruins, temiam o grau de parentesco. Então, colocaram meu pai num seminário e mandaram minha mãe, ainda jovem, para o Rio de Janeiro. Passam-se muitos anos, quando meu velho, já sem batina, também vai para a Cidade Maravilhosa. Entretanto, não a encontra nessa primeira tentativa. Desiludido, viaja por várias regiões do país, incluído o sul. Longe de seu verdadeiro amor, volta ao Rio decidido a localizá-la.

Certo dia, na capital carioca, o querido e consagrado compositor e cantor Dorival Caymmi (1914-2008), conhecido deles desde a infância, topa com seu Bruno e lhe diz, com seu sotaque bem baiano: “Ô Ioiô, você sabe quem encontrei? Idalina!! Ela veio, com uma prima, aqui na rádio. Está morando na rua Gregório Neves, no Engenho Novo”. Meu pai não titubeou e dirigiu-se ao endereço indicado por Caymmi. Chegando lá, foi recebido pela minha tia-avó, Amália. Ao vê-lo, ela se vira para dentro de casa e chama em alta voz: “Idalina, o seu primo da Bahia está aqui! Ele veio casar com você!”. E um dado curioso é que, um mês antes desse reencontro, minha mãe terminara seu noivado forçado com um médico. Naquele tempo, o poder patriarcal era uma parada!

Idalina e Bruno uniram-se em 1940, vinte anos depois que se viram pela primeira vez. Adivinhem quem foi o padrinho de casamento? O saudoso Dorival Caymmi, privilegiado marido de Dona Stella Maris (1922-2008) e ditoso pai de Nana, Dori e Danilo, e que sempre encantou as plateias.

Observando o grande exemplo de meus amados pais, relembro, com Lícia (1942-2010), minha irmã, algumas palavras que publiquei em Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade, lançado em 1987: Assim como o sangue, circulando pelo corpo, oxigeniza e alimenta as células humanas, o Amor, percorrendo os mais recônditos pontos de nossa Alma, fertiliza-a e a torna plena de vida. (...) Ao término de tudo, ele — que se expressa das mais surpreendentes formas no sublime labor de conduzir os homens à sobrevivência — vencerá! Prosseguimos acreditando na vitória final do Espírito Eterno do ser humano, “a Obra Máxima do Criador”, na definição de Alziro Zarur (1914-1979).


E parabéns ao nosso estimado Caymmi que, se estivesse na carne comemoraria mais um aniversário, em 30 de abril (ele nasceu em 1914). Caymmi e dona Stella Maris continuam vivos, pois os mortos não morrem.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 

início da safra da sardinha gera novos empregos em Itajaí

A safra da sardinha começa nesta semana com a expectativa de redimir os baixos números do ano passado, que teve a pior captura da década. Foram pescadas 40 mil toneladas, metade da média histórica. Em Itajaí e Navegantes, que concentram mais de 60% as embarcações de cerco usadas na pesca da sardinha, os barcos já estão preparados para o início do trabalho.
Os armadores acreditam que as condições climáticas foram as responsáveis pela captura ruim em 2016, e apostam em índices melhores este ano. As enlatadoras de pescado, que no ano passado precisaram recorrer à importação para dar conta da demanda, desta vez estão otimistas.
Maior indústria do setor no país, a Gomes da Costa, em Itajaí, já contratou 200 novos colaboradores e continua com vagas abertas. Em 2016, a indústria precisou importar metade da produção e teve redução de vendas devido a uma negociação de valores na cadeia de produção que empurrou para cima o preço da sardinha enlatada.
Desta vez, o setor se uniu e cada elo da cadeia produtiva fez ajustes para chegar a um acordo com menos impacto para o consumidor final — o que também aumenta a expectativa da indústria.
A safra da sardinha vai de 15 de fevereiro até o fim de outubro. 

Ciro Roza é condenado por desvio e lavagem de dinheiro

O ex-prefeito de Brusque Ciro Roza (PSB) foi condenado a seis anos, dois meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto por desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro. Segundo a Justiça, os crimes ocorreram em 2007. Tiago Maestri, fornecedor da prefeitura na época, recebeu a mesma sentençaMilton da Silva, ex-assessor de Ciro, foi condenado a três anos, seis meses e 20 dias de reclusão em regime aberto por lavagem de dinheiro

De acordo com os autos, durante processo licitatório para compra de 4 mil toras para a prefeitura, o ex-prefeito ignorou o parecer da Procuradoria que apontava irregularidades, a recusa da Comissão de Licitação em assinar as atas das sessões e homologou duas licitações. Na primeira, para compra de 2 mil toras, Procuradoria e Comissão apontaram que o edital não especificava as obras onde elas seriam usadas e, na segunda, além de não determinar o uso, ainda citava o pagamento parcelado da despesa.   

O único participante dos dois processos foi Tiago Maestri, que recebeu R$ 645 mil em cada um. A investigação mostrou ainda que o volume de material nunca foi entregue e que seria superior as necessidades da prefeitura. 

Segundo apontou o promotor da ação, Daniel Westphal Taylor, do valor recebido por Maestri, R$ 500 mil foram repassados ao ex-prefeito Ciro Roza através de uma operação de lavagem de dinheiro feita pelo assessor Milton da Silva.

Contraponto
Paulo Portalete, advogado de Ciro Roza e Milton da Silva,  informou que soube da condenação através da imprensa, mas que pretende recorrer da sentença:

— Respeitamos as decisões judiciais, mas há um entendimento de nossa parte que o julgamento é contrário à prova dos autos. Então nós vamos tomar as devidas providências e apelar ferozmente à instância superior. 

O advogado de Tiago Maestri, Guilherme de Oliveira Matos, afirmou ontem que ainda não havia sido notificado oficialmente da sentença, mas que também vai recorrer:

— Não concordamos com a decisão de forma alguma e vamos providenciar o competente recurso.