sexta-feira, 10 de julho de 2015

Crianças pedem socorro

Paiva Netto

A crescente violência no Brasil e no mundo tem chamado a atenção de todos. A cada dia aumentam os casos tristes e lamentáveis noticiados pela mídia.

Se ela hoje nos bate à porta, comecemos ontem, como muitos já o fazem, a luta pelos direitos da criança e do adolescente, contra a fome, as desigualdades e em prol da sustentabilidade. Empreendamos hercúleo combate à pior das carências, que atravanca o êxito de qualquer tentativa de transformação benéfica na Terra: a falta de solidariedade, de fraternidade, de misericórdia, de justiça; por conseguinte, a aridez do Espírito, do coração.

Em 2013, destacada pesquisa global, divulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas), nos traz uma informação alarmante: “Todos os anos, entre 500 milhões e 1,5 bilhão de crianças sofrem algum tipo de violência no mundo. Mesmo com as estimativas mais conservadoras, grande número de crianças sofre seus efeitos físicos, mentais e emocionais, e outros milhões estão em risco”. Aqui temos apenas estatísticas oficiais e que desafiam a dignidade humana. Isso significa que o quadro deva ser ainda mais crítico e demande ação decidida e conscientização a partir das famílias, nas quais também ocorre a violência doméstica.

O dr. Cláudio Pita, formado em Direito pela Universidade Anhanguera, relatou à Boa Vontade TV (canal 20 da SKY) que na infância e na adolescência vivenciou essa problemática. Mas soube, com o devido amparo, superar tudo isso. Hoje é diretor do Lar Nefesh, em São Paulo/SP, fundado por ele e que presta apoio às crianças e às famílias que passam por esses dramas. No seu entender, a sociedade tem papel indispensável na identificação dos casos de violência: “Às vezes, a coisa não está acontecendo na minha casa, ou na minha família, mas acontece ao lado. E a criança que está sofrendo tem medo de pedir socorro, tem receio de que o pai ou a mãe sejam presos e não quer desintegrar a família. Então, ela mesma acaba não pedindo ajuda. E é importante que as pessoas que estão ao redor estejam atentas, possam encaminhar aoconhecimento do poder público, ao Conselho Tutelar, na própria Vara da Infância e da Juventude, às autoridades policiais, para que eles tomem providência”.

O ilustre recifense Josué de Castro (1908-1973), médico, professor, cientista social, político e ativista brasileiro, que escreveu os respeitáveis Geografia da fome e Geopolítica da Fome e dedicou a sua vida ao combate à miséria, certa vez, afirmou: “Os ingredientes da Paz são o Pão e o Amor”.

Tenho dito que a estabilidade do mundo começa no coração da criança. Protegê-la é acreditar no futuro. Por isso, na rede de ensino da LBV, há tantos anos aplicamos a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, um esforço de Boa Vontade para aliar a Educação aos valores espirituais ecumênicos.

A jovem escritora judia-alemã Anne Frank (1929-1945) registrou em seu diário ideais pacíficos, mesmo sofrendo a pungência da Segunda Guerra Mundial. Seu corajoso testemunho afasta o pessimismo que só aumenta as enfermidades sociais dos povos: “Apesar de todos e de tudo, eu ainda creio na bondade humana”.

Façamos, pois, a nossa parte em prol de tempos melhores.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

Camelôs protestam contra desocupação de praça em Itajaí

Com buzinas, faixas e um carro de som, os camelôs de Itajaí foram para a frente da prefeitura protestar contra a desocupação da Praça Arno Bauer, no Centro. A manifestação ocorreu durante a manhã e tarde desta quinta-feira e reuniu mais de 50 pessoas. Um dos motivos do protesto é o novo prazo fixado pelo Ministério Público para que o local seja desocupado: até o fim de julho. Os camelôs voltaram a afirmar que vão permanecer na praça e pedem que a prefeitura encontre um ponto provisório para acomodar o camelódromo.

— O nosso pedido é para que o município realoque os comerciantes até que eles consigam viabilizar uma área privada para o camelódromo. Isso é uma falta de sensibilidade, o que é mais importante o patrimônio ou 500 empregos — questionou o advogado dos camelôs, Pedro de Queiroz, durante o protesto.

No ato, o advogado também lembrou que existe uma lei municipal que colocou as famílias na praça. Segundo Queiroz, a constitucionalidade dessa lei está sendo questionada em uma ação popular protocolada pela vereadora Anna Carolina Martins. Porém, ainda não há uma decisão judicial sobre o caso.

— É nosso direito esperar o julgamento dessa ação para desocupar a praça. O MP está persuadindo a prefeitura para que antecipe a decisão judicial. Todos aqui pagam seus impostos e diante da lei não há ocupação irregular — argumenta.

O representante dos camelôs, Volnei Belino, disse ainda que o protesto é uma forma de buscar um consenso com a prefeitura. De acordo com ele, o último prazo dado pelo Ministério Público é muito curto para que todos arrumem outro local para se instalar.

— Convocamos camelôs e familiares para protestar pacificamente. Com essa crise, precisamos de mais prazo — explica.

Belino também garantiu que os comerciantes não sairão da praça até ter outro ponto para ficar:

— Se for preciso vamos acampar por lá — reforça.

Após o protesto na prefeitura, os manifestantes fizeram uma mobilização com buzinaço em frente ao Fórum da cidade.
Durante o protesto os camelôs reivindicavam uma reunião com o prefeito Jandir Bellini. Porém, foram informados pelo vereador Carlos Augusto da Rosa, o Calinho, que o prefeito viajou para Brasília nesta quinta-feira. Por volta do meio-dia, os representantes dos camelôs foram atendidos pelo secretário de Urbanismo, Paulo Praun, e um dos procuradores do município. O secretário disse que a prefeitura está aberta para receber propostas dos comerciantes, mas frisou que as alternativas precisam ser viáveis.
— A proposta ainda terá que passar pela avaliação do Ministério Público, pois se transferirmos eles para outro local público, continuarão irregulares. Isso precisa ser bem estudado, pois a prefeitura não possui áreas disponíveis no Centro, por exemplo — afirma.

Praun comenta ainda que o município está de mãos atadas. Segundo ele, o município não pode investir dinheiro em uma área para o camelódromo, nem disponibilizar espaço público sem a devida licitação. Ainda, conforme o secretário, os comerciantes tinham definido um local, mas acabaram não confirmando a mudança.

— Esse prazo está sendo prorrogado há bastante tempo e só agora que o processo está sendo finalizado é que eles correram atrás — relata.

Em nota oficial de esclarecimento, a prefeitura informou ainda que se ao fim do prazo do MP, no dia 31 de julho, os comerciantes não desocuparem a praça adotará providências para atender a determinação da 9ª Promotoria de Justiça.