O atraso do Ministério da Agricultura na emissão de certificado de captura, documento necessário para a exportação de peixes para os países europeus, tem causado prejuízo aos armadores de Itajaí. Nos últimos meses, cada envio para a Europa tem sido cercado de apreensão. Contêineres cheios já chegaram a ser devolvido porque a documentação não chegou a tempo.
Na pesqueira Kowalsky, 32 toneladas de atum albacora branca, um peixe com a carne mais clara, valorizado no exterior, ainda aguardam o certificado para embarcar para Portugal, país europeu que mais importa o peixe brasileiro. Sem expectativa de emissão do documento e com um custo muito alto para o mercado tradicional no Brasil (as enlatadoras trabalham com espécies mais baratas), a carga, avaliada em US$ 64 mil, permanece parada na indústria.
Um dos únicos armadores no país autorizados a capturar peixe-sapo, Manoel Cordeiro enviou a Portugal uma carga de R$ 400 mil nas últimas semanas na incerteza de o produto ser recebido. Após o desmanche do Ministério da Pesca e a transferência dos processos para o Ministério da Agricultura, a família Cordeiro já teve contêiner devolvido porque o certificado de captura não chegou a tempo. E em pelo menos dois casos só garantiu a entrega porque o documento foi emitido pelo governo federal por ordem judicial.
O impasse tem feito os armadores repensarem a exportação para a Europa, um bom mercado em expansão. Uma perda para o recente crescimento da participação dos armadores brasileiros no comércio exterior.
No último ano, a desvalorização do real em relação ao dólar fez aumentar 40% as exportações de empresas como a Kowalsky. Hoje, até 70% da produção mensal da empresa é exportada. Além do mercado europeu, outro mercado forte para o produto brasileiro é o norte-americano: a indústria de Itajaí envia carregamentos semanais de meca, peixe que o mercado externo conhece como swordfish.