quinta-feira, 12 de março de 2015

Liquinha é condenado a 97 anos de prisão

Em julgamento no Tribunal do Júri, no Fórum de Florianópolis, Luiz Carlos Flores, o Liquinha, foi condenado a 97 anos e seis meses de prisão em regime fechado pelo assassinato de quatro pessoas de sua própria família: a mãe, o pai, uma irmã e um sobrinho. A decisão foi proferida no início da noite desta quarta-feira, às 18h40.

Liquinha matou com uma marreta de 5 kg sua mãe, Carmem Cunha Flores, de 69 anos, e a marteladas a irmã, Leopoldina Flores, 41, o sobrinho Pedro Henrique, 10 anos de idade, e o pai Luiz Nilo Flores, 72. A tragédia ficou conhecida como "chacina de Penha", quando ocorreu no dia 7 de dezembro de 2012.

Familiares das vítimas presentes no julgamento comemoraram o resultado.

— Estou muito feliz. O que eu prometi para o meu pai eu cumpri. Foi feita Justiça — disse Sueli Flores, filha de Carmem e Luiz, assassinados pelo seu irmão Liquinha.

Motivo fútil

A promotoria defendeu que as mortes foram praticadas por motivo fútil. O assassino disse, em depoimento à polícia, que teria matado sua irmã porque ela o incomodava _ com cobranças para que arrumasse emprego e evitando que os pais dessem dinheiro para sustentar seu vício em drogas.

Sua mãe teria morrido antes para que não sofresse ao saber da morte da filha. As mortes de seu pai e do sobrinho foram para que não houvesse nenhuma testemunha.

Liquinha alegou, em sua defesa, que estava alterado pelo consumo de drogas. Ele afirmou ter consumido cocaína antes do ato. Em outro momento, posteriormente, disse não se lembrar direito do fato e que estava possuído por uma "coisa diabólica ", uma força oculta.

— Quem ingere álcool e quem cheira cocaína continua responsável pelos seus atos — disse o promotor Wilson Mendonça Neto, responsável pela acusação no julgamento.

Nessa quarta-feira também depôs o mesmo perito que, em avaliação feita em 2013, disse que o acusado não sofria de problemas psicológicos ou que tivesse um histórico de surtos psicóticos ao usar drogas. Ele voltou a afirmar que, apesar de estar sob o efeito da cocaína, Liquinha era responsável pelos seus atos. O laudo pericial faz parte das provas apresentadas ao júri.

A advogada de defesa, Débora Salau do Nascimento, defendeu que "fazer Justiça é interná-lo para que ele receba tratamento" contra o vício em cocaína. Sua tese acabou derrotada perante o júri.

Frieza chocou a cidade

Após matar quatro pessoas da sua família, Liquinha limpou as armas do crime, se limpou e depois foi pedir ajuda nas casas e comércios vizinhos, afirmando que uma pessoa havia entrado em sua casa e assassinado todo mundo enquanto ele tomava banho. Também falou que sua mãe estava desaparecida.

Dois dias após ter praticado as mortes, ele foi ao velório dos familiares, em um domingo. Ficou sentado próximo ao caixão da irmã, Leopoldina, com quem tinha desavenças, citadas como um dos motivos do crime.

Naquele mesmo dia, diante dos indícios levantados pela delegacia que investigava a chacina e as contradições de seu depoimento inicial, ele confessou à Polícia Civil ser o autor dos assassinatos. Estava preso desde então e seguirá preso com a condenação desta quarta-feira.