terça-feira, 26 de novembro de 2013

Zumbi e Ecumenismo Étnico

Paiva Netto

Numa homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, e à memória do valente Zumbi, apresento trecho de artigo que preparei para a Folha de S.Paulo em 15/5/1988. Nele enfatizo a necessária prática do Ecumenismo entre as mais variadas etnias: 
Zumbi deu o brado que nenhum Domingos Jorge Velho poderia abafar: Liberdade! Dignidade! Somos seres humanos!
Morreu-lhe o corpo. Mas a Alma — quem conseguirá matá-la? — permanece... e se multiplica nas palavras e atos de um Patrocínio, Joaquim Serra, Luís Gama, Salvador de Mendonça, André Rebouças, Castro Alves, Joaquim Nabuco e de tantos outros negros, brancos, mestiços. Se ainda não há democracia étnica dentro de nossas fronteiras — embora o Brasil seja um povo de etnias mescladas, para cuja sobrevivência é essencial estar plenamente legitimada e vivida a sua brilhante mestiçagem —, é porque o espírito de senzala continua grassando. Contudo, é justamente na natureza miscigenada que consiste a sua força.
Voltando ao quadro atual, a situação está mudando. E de onde menos se espera, assistimos à reeleição do primeiro presidente afro-americano da história dos EUA, o dr. Barack Obama. Um grande avanço!

TODA A HUMANIDADE É MESTIÇA
Em “Crônicas e Entrevistas” (Editora Elevação, 2000), prossigo defendendo a tese de que toda a Humanidade é, desde os tempos iniciais da monera, uma mescla sem-fim, tornando-se, portanto, sem propósito, qualquer tipo de discriminação, principalmente, no que diz respeito à cor da pele. A inevitável miscigenação humana constitui fato de proporções globais. Vários estudiosos afirmam que, cada vez mais, diminui no mundo o conceito de linhagem pura. Um exemplo dessa constatação vem dos Estados Unidos da América, que criaram um item no seu censo para contemplar os mestiços, que compõem significativa parcela da população norte-americana.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

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