Caridade rima com amizade. E não apenas pela
fonética. Sua ação está intrinsecamente ligada ao gesto cordial de esclarecer e
amparar os menos instruídos. Pela passagem do Dia da Caridade (19/7) e do Dia
Internacional do Amigo, comemorado em 20/7, recorro à nova edição de Cidadania
do Espírito, na qual destino um capítulo ao significado
do termo Caridade, convidando o leitor a refletir sobre essa ferramenta
imprescindível, em minha opinião, para ajustar os mecanismos de uma sociedade,
ainda hoje regida pelo individualismo, seja no âmbito particular ou coletivo,
levando os povos à secura de alma, isto é, à ausência da solidariedade, da
fraternidade nos relacionamentos humanos e sociais. Aqui, alguns trechos do
tema. Espero que apreciem:
A Caridade não é um sentimento de tolos. É
uma estratégia de Deus, que estabelece nos corações a condição ideal para que
se trabalhe, governe, empresarie, administre, pregue, exerça a ciência, elabore
a filosofia e se viva, com espírito de generosidade, a religião.
Quando há Amor Fraterno, incontrastável
empenho e consagrada competência, que se desenvolve com labor e zelo — desde a
fixação de um simples prego na madeira (creia no seu valor próprio!), não
existem limites para o alicerce de um mundo melhor.
Realizar o bem voluntariamente é uma das mais
belas páginas de amor que o ser humano pode escrever. O Profeta Muhammad (570-632) — “Que a paz e as bênçãos de Deus
estejam sobre ele!” — ensina: “Uma boa ação é aquela que faz
aparecer um sorriso no rosto do outro”. A Caridade, aliada à justiça, é o
combustível das transformações profundas. Sua ação é sutil, mas eficaz. A
Caridade é Deus.
Reforma efetiva
Desumanidade resulta em desumanidade. Aí
está, em resumo, a explicação do estado atual do planeta. Porém, com a riqueza
de nosso espírito, podemos edificar um amanhã mais apreciável. Entretanto,
nenhuma reforma será duradoura se não houver o sentido de Caridade atuando na
Alma.
A Caridade é o centro gravitacional da
consciência política, social, filosófica, científica, religiosa, de modo que —
se o ser humano não tiver compreensão dela — deve esforçar-se para entendê-la,
a fim de que venha a subsistir em sua própria intimidade pessoal. Não há céu
mais auspicioso do que o coração, quando iluminado pelas forças do Bem. Ela é o
divino sentimento que nos mantém vivos. Por toda a existência, mormente na hora
da dor, ao invés de lamentações, não nos esqueçamos dela e a pratiquemos com
devoção. Trata-se de um grande medicamento para a alma.
A Caridade é a prova do poder do Espírito em
construir promissoras épocas para as criaturas e seus povos. Não há maior
inspiração para a boa política do que ela. Absurdo?! O tempo mostrará que não.
Aliás, já está mostrando.
José de Paiva
Netto, jornalista, radialista e escritor.
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