A Câmara de Vereadores de Timbó tomou uma atitude que serve de exemplo. Aprovou, por unanimidade, uma resolução que extingue o pagamento de diárias a vereadores que precisem viajar representando o município. Com isso, apenas gastos de viagens de servidores para deslocamentos a trabalho serão custeados pela Câmara.
O autor da resolução é o vereador e presidente da Câmara Marcelo Luiz Ferrari (PT). Ele conta que decidiu apresentar a proposta porque entende que os parlamentares já recebem pelo trabalho de representar a Casa em eventos, cursos ou viagens a trabalho:
— O meu pensamento é de que o vereador não recebe salário, mas um subsídio, uma verba de representação para fazer seu trabalho, e estar em nome da Câmara em determinados momentos já está incluído nisto, então não acho correto que, além do valor mensal, recebam pagamentos por essas viagens.
Ferrari conta que aprovar a resolução não foi fácil. Quando apresentou o projeto, assinado também pelos outros dois vereadores da Mesa Diretora – o vice-presidente da Casa, Reimar Raddatz (PSB), e o secretário Rubens Borchardt (PT) – Ferrari foi chamado pela Comissão de Mérito da Câmara para explicar a ideia e ouviu dos integrantes um pedido para que o projeto fosse retirado da pauta. O presidente da comissão, vereador Guilherme Voigt Junior (PSDB), confirmou que houve descontentamento de parlamentares com o projeto, já que teriam que custear as próprias despesas:
— Alguns não concordaram porque (a medida) privou os vereadores de participarem de cursos, embora eu, que já estou no segundo mandato participei de um curso só e foi em Blumenau. Mas, por exemplo, se precisar ir a Brasília, que eu só fui uma vez em quase oito anos, vamos tirar do nosso bolso.
Mesmo com os posicionamentos contrários, Ferrari defendeu a ideia na comissão e viu a proposta ser aprovada por unanimidade pelos vereadores. O presidente da Comissão de Mérito explica que o fator que levou à mudança de opinião foi a aquisição pela Câmara de um veículo que, segundo ele, poderia ser usado pelos vereadores para compromissos fora do município. O carro – um Renault Sandero que custou R$ 45 mil – de fato foi adquirido, mas Ferrari afirma que a utilização do veículo não foi definida:
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O carro foi comprado para ser usado pelos servidores da Câmara, já que não tínhamos veículo e os funcionários usavam os próprios carros. O veículo já está aqui aguardando a documentação, mas o uso não foi regulamentado.
Sem informar valores, o presidente disse que os gastos com diárias não eram expressivos, mas houve casos em que vereadores pediam o pagamento de diárias para ir a Blumenau ou Jaraguá do Sul. Outra viagem comum é para Florianópolis, para levar demandas aos deputados estaduais.
— Acho que assim é bom para que os deputados da nossa região também estejam mais presentes nas cidades, e não apenas na época de campanha, e assim os vereadores não precisam gastar tanto para ir com frequência até a Capital — analisa.
Os vereadores recebem mensalmente R$ 4.057,16. Com os descontos, embolsam R$ 3,4 mil. Para o presidente da casa o montante é de R$ 6.085,74, sendo R$ 4,8 mil líquidos. Ferrari defende que o valor é suficiente para que custos de transporte e alimentação sejam bancados pelos parlamentares em caso de viagens.
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