terça-feira, 27 de março de 2012

Chico Anysio, o talento em pessoa

Paiva Netto


Aracy de Almeida (1914-1988), a saudosa Araca, no dizer do radialista César Ladeira (1910-1969), era "o samba em pessoa". O querido Chico Anysio é e será o talento personificado. Ainda que as dificuldades do mundo sejam grandes, se não formos bem-humorados, com o prazer do Bem, não perceberemos o Amor de Deus por nós. Olha o sol aí, que beleza! As nuvens protetoras que vagueiam pelo céu, a Natureza, enfim, que nos acolhe. Agradeçamos ao Pai Celestial tamanha generosidade para conosco.

Com essas singelas palavras abro minha homenagem a um dos maiores mestres do humor, que tanta alegria trouxe ao povo brasileiro. Na sexta-feira, 23/3, ele partiu para a Pátria Espiritual, depois de 80 anos intensamente vividos na Terra.


TESTEMUNHA DA NOSSA HISTÓRIA
Ser humano de notável aptidão, Chico Anysio narrou ao "Brasil Democrático", da Reeducar — Rede Educação e Futuro de Televisão, impressionante testemunho sobre os primórdios da LBV, que, por sinal, teve início em um mês de março, no dia 4, no ano de 1949, com o programa "Hora da Boa Vontade". Declarou o nosso amigo:

"Faço parte também do seletíssimo grupo de pessoas para quem Alziro Zarur (1914-1979), pela primeira vez, falou na Legião da Boa Vontade. Eu era radioator da Mayrink Veiga, já tinha saído da Guanabara. O nosso diretor no radioteatro era Zarur. Naquele dia, tínhamos ensaio de um capítulo de novela, devia ser umas seis e meia quando ele chegou, dizendo que havia recebido uma mensagem divina. Estava emocionadíssimo. Tinha recebido um aviso, uma missão que lhe fora dada. E ninguém brincou, ninguém zombou. Todo mundo percebeu que havia uma verdade grande nele, porque era uma pessoa muito séria; era muito duro, muito firme. Ele não pôde realizar o ensaio. Urbano Lóis assumiu o lugar no dia. (...) Havia um fogo queimando dentro do Zarur. Uma luz brilhava dentro dele, alguma coisa. (...) Dali em diante, ele se transformou. Então, fui o primeiro a saber disso. Ele abandonou tudo. Não foi mais diretor do radioteatro. Fez um programa, chamado ‘Hora da Boa Vontade’, às cinco da tarde. (...) Criou a Legião da Boa Vontade. Era a Sopa do Zarur, a Sopa dos Pobres. Os mendigos do Rio não passaram mais fome, porque a sopa que distribuía matava a fome de todos. Faço doações para a LBV; várias vezes já as fiz. Na minha exposição, no Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, farei outra e continuarei ajudando, porque a LBV é da maior seriedade. Eu estou abençoado com a minha pintura aqui [no Templo da LBV]. Deus está aqui comigo! É uma coisa muito divina, demais! (...)."


CHICO ANYSIO ABRILHANTOU A LBV COM A SUA ARTE
Na exposição "Volta ao mundo sem sair de casa", que realizou, de 16 a 30 de setembro de 2003, na Galeria de Arte do Templo da Boa Vontade, tive, com minha mulher, Lucimara Augusta, o grato ensejo de estar com ele e sua simpática esposa, Malga Di Paula. Foi um dia realmente especial para todos nós, pois Chico abrilhantou a LBV com a sua arte.

Onde ele estiver, agora nos Céus do Brasil, pois os mortos continuam de pé, que receba as vibrações de Paz da LBV. Aos seus familiares, nossos amigos, a solidariedade dos corações legionários.


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*José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter). Filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.

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