terça-feira, 2 de agosto de 2011

Xenofobia e humanidade não combinam

O duplo atentado ocorrido em 22 de julho, na Noruega, que vitimou 77 pessoas, merece da sociedade toda a atenção. Segundo o noticiário, a xenofobia está na motivação dos ataques. É realmente lamentável! Já era para termos aprendido a lição. Excluir criaturas humanas não combina com humanidade.

Em minha página "A miscigenação do mundo é inevitável", publicada em "Crônicas e Entrevistas" (Editora Elevação, 2000), defendo a tese de que o nosso destino é mesmo a mestiçagem, o multiculturalismo, tornando-se portanto sem propósito qualquer tipo de discriminação. Naquela oportunidade, fim do século 20, assim escrevi:

(...) Vai ficar difícil abrir mão da Humanidade, como parece que alguns radicalmente pretendiam fazer com a nova globalização: mais produtos e menos trabalhadores produzindo e transitando pelo planeta. Marcante exemplo é o da União Europeia, com seus arroubos de xenofobia, menos para turistas… Ela está constatando a contingência de ter de "importar" gente, ainda que, em alguns casos, por curtos períodos, para realizar serviços de que os seus nativos dolicocéfalos não mais querem saber e para suprir as necessidades de uma população que está envelhecendo. Alguns vivem arrepiados com os "perigos" da fusão étnica; contudo, empresários e políticos sentem como fatalidade histórica a presença dos "estrangeiros" mesmo que sejam de gerações nascidas por lá, principalmente os de cor de pele distinta. Não há como indefinidamente impedir que revoluções sociais e humanas dessa envergadura, em diversas grandezas, se cumpram. Na atualidade, de certa forma vemos repetir-se, em direção inversa, mas talvez de maneira mais dolorosa, o fenômeno da imigração. Antes a onda era emigrar da Europa e da Ásia para a América. Resumindo: italianos, japoneses, alemães, poloneses, russos, judeus, árabes, ibéricos, para a do Norte e a do Sul, somando-se irlandeses e chineses para a Setentrional. E não chegaram por aqui e lá, na imensa maioria, como senhores, porém, como servidores braçais, à exceção de gente como Einstein e Fermi. Pelo sacrifício e suado labor, subiram ao topo e se estabeleceram. Recordo-me de uma afirmação do filósofo do Positivismo Augusto Comte (1798-1857), cujo pensamento tanta influência exerceu sobre os fundadores da República brasileira, a começar por Benjamin Constant (1836-1891): "O homem se agita, e a Humanidade o conduz". Alziro Zarur (1914-1979) perguntava então: "E quem conduz a Humanidade?". E ele próprio exclamava: "Deus!".

E assim eu terminava aquele artigo de 2000.

Hoje, em 2011, o Brasil volta a atrair o interesse de imigrantes, pois estamos precisando de valores especializados para as novas exigências do desenvolvimento do país, enquanto preparamos, com atraso, nossa própria gente.

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS
Muito providencial, pois, o programa "Ciência sem Fronteiras", lançado pela presidenta Dilma Rousseff, no dia 26 de julho. Uma ação que pretende conceder cem mil bolsas de intercâmbio para estudantes e pesquisadores brasileiros em modalidades do nível médio ao pós-doutorado.

De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, terão prioridade as áreas de engenharia, ciências exatas, biológicas e da saúde, além da computação e da tecnologia da informação.

A presidenta Dilma comentou que, ao se reconhecer que há falhas e fraquezas na formação de ciências exatas, engenharias e saúde, "damos um passo para o fortalecimento. Essa iniciativa é fundamental para o futuro".

Nossa nação possui robustez para imenso progresso. E de fato não se pode deixar de dar aos cidadãos, independentemente de sua classe social, o devido acesso à boa educação e ao ensino de qualidade. Sem esquecermos também da imprescindível Espiritualidade Ecumênica, com os mais nobres princípios morais e éticos, base do Ser Humano de bom caráter.

Ao "Ciência sem Fronteiras", o nosso voto de sucesso.

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*José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter). Filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.

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