Meditando
sobre o imenso valor da Caridade, ressalto que não basta dar o pão material,
que depois pelo corpo é lançado fora... Necessário se faz também atender às
carências do Espírito, de modo que ele, mesmo quando reencarnado, descubra as
extraordinárias qualidades que, como Templo do Deus Vivo, traz dentro de si
próprio. Assim aprenderá a empregá-las com pleno conhecimento das Leis Divinas.
E saberá livrar-se dos erros, cuja origem — para os que têm “olhos de ver e ouvidos de ouvir” — acha-se no campo espiritual.
Espírito enfermo, matéria enferma. Mente perturbada, corpo afetado. A solução é
psicossomática. Pensamento é força realmente. Escreveu Adelaide Coutinho (1905-1975 aprox.), pela psicografia do médium Francisco
Cândido Xavier: “Se não lapidarmos o
coração, sobrevém, para nós, a tempestade. São os votos malcumpridos, as promessas olvidadas, as
tarefas no abandono, os compromissos
relegados ao esquecimento e a ânsia doentia de colher sem plantar e auferir lucros sem esforços, na grande jornada da matéria, em que, juntos de nossos amigos e adversários, tanto poderíamos
realizar em nosso próprio proveito”,
completadas por estas de Emmanuel (Espírito):
“O desânimo absorve-te o coração?
Lembra-te de que o tédio é um insulto
à fraternidade humana, porque a dor e
a necessidade, a tristeza e a doença,
a pobreza e a morte não se acham longe
de ti”.
Eis
por que a Legião da Boa Vontade não cuida somente do corpo,
mas também do Espírito. De outra
forma, há sempre o perigo de se promover a vagabundagem, coisa que
absolutamente não fazemos. Como dizia o abade, poeta e tradutor francês Jacques Delille (1738-1813), “a Caridade que se faz por meio de esmola é
uma forma de conservar a miséria”.
Que
ninguém, todavia, se furte ao dever de ajudar. Amanhã poderá situar-se entre os
suplicantes, necessitado urgente da esmola do que passa... “Hodie mihi, cras tibi.” (Hoje, eu; amanhã, você.)
Alimente-se,
pois, o corpo combalido, mas que se lhe salve a Alma com o Evangelho e o
Apocalipse de Jesus, em Espírito e Verdade, à luz do Novo Mandamento, de forma
que o ser humano, conhecendo e vivendo as Leis de Deus, livre de sectarismos e
fanatismos que tanto têm prejudicado as religiões no mundo, descubra que, sendo
Templo do Deus Vivo, como ensinava Jesus, pode libertar-se da miséria.
Descoberta a riqueza interior, a exterior, mais dia menos dia, surgirá.
Analisando o trabalho de grandes pensadores, escreveu Henry Thomas (1886-1970) a respeito do filósofo e físico
judeu-árabe Maimônides (1135-1204),
conhecido como o Aristóteles da Idade Média:
“(...) É especialmente famoso pelos seus Oito Degraus de Ouro da
Caridade. Neste ensaio, expõe que
há uma diferença entre dar e dar. Podeis
dar com a mão, o pensamento e o
coração. O primeiro e mais baixo degrau na escala da Caridade é dar com relutância. O segundo é dar insuficientemente. O
terceiro é dar somente quando se é
solicitado. E, assim por diante, até
chegarmos ao oitavo degrau. Este é impedir a pobreza para evitar a necessidade
da caridade. Este, conclui ele, é o mais alto degrau e o cume da escada de ouro da Caridade”.
Entretanto,
não se deve restringir a Caridade ao louvável serviço da assistência material.
Caridade é muito mais. Dirige-se ao Espírito do ser humano. Mesmo que os
governos do mundo resolvessem toda a problemática social de seus povos, a
Caridade seria necessária. Ela é, como prega a Religião de Deus, do Cristo e do
Espírito Santo, Amor. Deus é Amor. Ninguém vive sem Ele, nem mesmo os Irmãos ateus...
José de Paiva Netto, jornalista, radialista
e escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário