A Polícia Civil indiciou uma ex-companheira de Amílcar Arnoldo Wehmuth, Sandra Maria Bernardes, pela morte do empresário de 70 anos, conhecido como "Chico", ocorrida em junho de 2014. De acordo com as investigações, Sandra teria envenenado a vítima utilizando uma dose letal de adilcarbe, substância vulgarmente conhecida como "chumbinho".
O caso passou a ser investigado a partir da suspeita levantada pelos sintomas com os quais o empresário foi atendido no pronto-socorro, logo após passar mal na noite do dia 28 de junho de 2014:
— Como havia algumas dúvidas, decidimos encaminhar para o IML (Instituto Médico Legal) para sanar qualquer questionamento, e o exame apontou que a morte ocorreu realmente por envenenamento. A partir daí precisávamos determinar se havia suicídio ou homicídio — explica o delegado da Divisão de Investigações Criminais de Brusque, Alex Bonfim Reis.
Segundo o delegado, todas as testemunhas ouvidas na primeira parte do processo declararam que o empresário não tinha nenhuma propensão ao suicídio: levava uma vida ativa, tratava alguns problemas de saúde, retornava aos poucos ao trabalho e fazia planos para um futuro breve, como viagens. Com isso, a polícia passou a trabalhar apenas com a tese de homicídio e, para determinar como o crime foi praticado, o delegado colheu informações sobre a ação da substância utilizada:
— É um veneno que não pode ser vendido no Brasil e que é letal com apenas uma dose muito baixa, ou seja, a pessoa não precisa ingerir constantemente. Além disso, ele é insípido, não tem gosto, e pode ser dissolvido em água ou suco, então a vítima pode ingerir e nem perceber. Como ele tem uma ação rápida, entre a pessoa começar a passar mal e ser detectado o envenenamento pode ser tarde demais.
A partir deste ponto a polícia reduziu a investigação ao dia em que o empresário teve os primeiros sintomas e verificou, através das câmeras de segurança do prédio onde ele morava que ele chegou na residência acompanhado pela suspeita às 13h30min e só deixou o local por volta das 21h30, já na ambulância e sob cuidados médicos. A morte ocorreu no dia seguinte, no hospital, às 15h30min.
— Apenas ela esteve com ele durante todo este tempo. Então, se a causa da morte foi o envenenamento por uma substância que pode ser dissolvida em algum alimento e de ação rápida, que varia entre alguns minutos e poucas horas, e só estiveram no local a vítima e mais uma pessoa, durante oito a nove horas, só resta mais uma pessoa na cena — conclui Reis.
Seguro de vida e pensão podem ter motivado o crime
O delegado afirma que a indiciada admitiu que esteve na casa do empresário no dia do crime, mas nega qualquer ação contra a vítima. Segundo Reis, a investigação demonstrou que a suspeita poderia obter vantagens financeiras com a morte do empresário Chico Wehmuth, como o recebimento de seguros de vida e de uma pensão:
— Salta aos olhos uma informação de que uma das apólices dele, da qual a indiciada era beneficiária, no valor de R$ 120 mil, começou a vigorar no dia 26 de junho, e ele passou mal no dia 28 e morreu no dia 29. São informações que não podem ser ignoradas.
Quanto à natureza da relação da indiciada com o empresário, o delegado diz que não foi possível esclarecer, já que há divergências:
— Os advogados e ela dizem que eles tinham uma união estável, mas os familiares dele não reconhecem isso. Esta é até uma questão que vai ser analisada durante o processo, já que pode influenciar até numa situação de inventário.
A suspeita foi indiciada por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e envenenamento, que tem pena de 12 a 30 anos de reclusão prevista no Código Penal.
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