segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Política mais inteligente


Paiva Netto



Escrevi no livro "É Urgente Reeducar!" (2000):

O Ecumenismo da Fraternidade será a razão de ser das criaturas humanas no transcurso do terceiro milênio. É uma questão de progresso (e de sobrevivência), no qual, de diversas formas, acreditou boa parte de gerações que nos antecederam (mesmo contra o ponto de vista de gente excessivamente cética). Se assim não cressem e não perseverassem, onde estaríamos hoje? Talvez na era da pedra lascada!...

O Amor não é degradação de corpos nem de mentes, e sim a Força de Deus, da Sabedoria Suprema em nós, ou lá como pensem outros Irmãos acerca dos assuntos elevados. Amar é um ato de coragem. Foi o exemplo que nos ofereceu Jesus. Trata-se da Política mais inteligente que um indivíduo pode conceber. Ela contempla ainda o correto entendimento do axioma de Confúcio (551-479 a.C.): "Paga-se a Bondade com a Bondade, e o mal com a Justiça". Ou seja, é imperioso ter bom senso. 

Conforme ressaltei ao meu velho amigo jornalista Paulo Parisi, em 1981, instruir com acerto é boa Política, porque educar e espiritualizar redime as criaturas, as nações, a Natureza, o planeta. Não podemos progredir destruindo o mundo, a nossa residência coletiva, por efeito de ignorância não apenas intelectual, como também, e principalmente, moral e espiritual.

Eis a Política excelente. A providência de instruir, educar, reeducar, espiritualizar no caminho da Paz, resultante da confraternidade das numerosas culturas que compõem a civilização que em si mesma é una, planetária. (E não esqueçamos jamais que a nossa existência não é unicamente física, porquanto começa no Céu, ou Mundo Espiritual, antes de sermos carne.) Do contrário, o que poderá vir a abater-se sobre a Terra será o doloroso inverso do Amor, a exemplo desse ecocídio que provocamos por aí. Pois, na verdade, já que fazemos indissociável parte do esquema global de conservação da vida, estamos então cuidando, com contumácia, de nossa automatança coletiva.

Talvez, ao descrever "A Grande Tribulação" (Evangelho segundo Mateus, 24:3 a 28; Marcos, 13:3 a 23; e Lucas, 21:7 a 24), Jesus esteja narrando a consequência desse esforço humano colérico. Diante disso, é flagrantemente necessário espiritualizar, dentro do Ecumenismo dos Corações, as pessoas. Somente assim, e com eloquente constância, os diferentes segmentos da sociedade passarão a viver em harmonia, demore o tempo que for preciso, até que isso venha a ocorrer. Cabe aqui perfeitamente este raciocínio profundo de Abraão Lincoln (1809-1865), que se encontrava exposto no gabinete de Alziro Zarur (1914-1979), no Rio de Janeiro: "O homem que se decide a parar até que as coisas melhorem verificará, mais tarde, que aquele que não parou e colaborou com o tempo estará tão adiante que jamais poderá ser alcançado".

Costumo afirmar em minhas palestras que, se é difícil, comecemos já, ontem!, porque resta muito a ser feito. 


José Bonifácio
E quando digo seres espiritualizados, quero reiterar: revestidos do Amor Fraterno, que a Humanidade precisa para poder subsistir, também politicamente, com urgência. Como escreveu José Bonifácio (1763-1838), o patriarca da Independência brasileira: "A sã Política é filha da Moral e da Razão". Aí está a verdadeira Independência ainda a ser conquistada.

Assim é a ação religiosa e política do Ecumenismo dos Corações, aquele que levanta o caído; que não se precipita ante as ilusões do cotidiano, sem levar em conta o que padece à beira do caminho. (...) Pelo contrário. Ilumina-o incansavelmente toda vez que é convocado a manifestar sua qualidade excelsa. Desconhece os ódios, isto é, não os vive nem os dissemina. Pode parecer difícil, mas é que ainda vivemos uma sociedade mundial muito belicosa. O caminho é a Fraternidade Real, que promove a Estratégia da Sobrevivência, que espiritualiza a Economia e, ainda mais, a disciplina. (...) É o Ecumenismo Total.

Palavra vã? O tempo mostrará que não.


Adriana Calcanhotto

ADRIANA CALCANHOTTO

Da querida cantora e compositora gaúcha Adriana Calcanhotto, o livro "Antologia ilustrada da poesia brasileira para crianças de qualquer idade", reúne uma seleção de textos organizados em ordem cronológica, cobrindo assim três séculos: desde "Canção do Exílio", publicada por Gonçalves Dias, em 1846, até "Receita para um Dálmata", por Gregório Duvivier, em 2008. A obra foi ilustrada pela Adriana, a quem agradeço as generosas palavras: "Para Paiva Netto, esta antologia com um beijo carinhoso".


José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

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