terça-feira, 20 de novembro de 2012

Saudar além dos irmãos


Paiva Netto
 

Há tempos observo-lhes que a miscigenação do mundo é inevitável. Da mesma forma, destaco que o Ecumenismo dos corações é o bom futuro da Humanidade.

As criaturas não sobrevivem no isolamento. A confraternização geral é um legítimo anseio que ignora fronteiras e segue unindo, apesar dos pesares, etnias, filosofias, religiões, pátrias, enfim, seres humanos e espirituais. Em Sua passagem pela Terra, Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, testemunhou, a todo momento, que esse é o caminho. Uma de suas frases didáticas ilustra bem isso: “Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais?” (Evangelho segundo Mateus, 5:47).

Nosso país, ainda que precise avançar muito, incentiva e trabalha pelo respeito às diferenças. Um exemplo é a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, criada pelo governo brasileiro em 21 de março de 2003, atualmente sob o comando da ministra Luiza Bairros.

Em novembro, Mês da Consciência Negra, em especial na data de hoje, 20/11, vale ressaltar a relevância das iniciativas dedicadas a tão nobre finalidade. A luta histórica de Zumbi dos Palmares (1655-1695) prossegue, alcançando crescente vitória nas consciências. O mundo se tornará mais feliz à medida que seus habitantes, sem exceção, receberem o devido apoio e usufruírem da liberdade seguramente adjetivada como responsável.

 
IDENTIFICANDO O PRECONCEITO

Um importante passo para que haja fraternidade mútua é o reconhecimento do preconceito, às vezes velado, que a maioria nem percebe que pratica.

Durante sua participação no programa “Conexão Jesus”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), o professor doutor Kabengele Munanga, antropólogo do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (USP), comentou: “Como o próprio termo diz, preconceito é um julgamento preconcebido sobre os outros, os diferentes, sobre os quais não temos, na realidade, um bom conhecimento. O preconceito é um dado praticamente universal, porque todas as culturas o produzem. Não há uma sociedade que não se defina em relação às outras. E, nessa definição, nos colocamos numa situação, achando que somos o centro do mundo: a nossa cultura é a melhor, a nossa visão do mundo é a ideal, a nossa religião é a melhor. Assim, julgamos os outros de uma maneira negativa, preconcebida, sem um conhecimento objetivo. A matéria-prima do preconceito é a diferença”.

Aliás, em “Reflexões da Alma” (2003), reafirmei que racismo é obscenidade (assim como preconceitos sociais, religiosos, científicos ou de qualquer outra espécie). Vai solapando não somente os esforços da etnia negra, mas também dos brancos pobres, dos índios, dos imigrantes... É preciso erradicá-lo, pois em seu bojo surgem os mais tenebrosos tipos de perseguição, que vêm dificultando o estabelecimento da Paz no planeta.

 

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

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